segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Onze títulos e um segredo

No surf competitivo, normalmente os campeões do World Tour possuem uma marca ou manobra característica. Somadas a muito treinamento e versatilidade, elas os conduziram ao status de melhor surfista do mundo.

Podemos citar, por exemplo, a agressividade e energia do baixinho Tom Carroll, campeão de três Pipe Masters (1987, 90 e 91).

Ou a maestria na arte de entubar e traçar longos e perfeitos arcos com o grab rail de Andy Irons – maior perda do surf moderno na minha opinião.

Acontece que em toda regra existe uma exceção e, no surf profissional, o nome dela é Kelly Slater.

Depois de 20 anos no circuito mundial e 11 títulos mundiais conquistados, são inevitáveis os questionamentos: O que levou Kelly a esta marca tão impressionante? Qual é sua melhor manobra? Em que condições e mares ele surfa melhor? Como o seu surf conseguiu continuar competitivo depois de tantos anos?

Certamente, além do talento natural, Kelly sempre demonstrou um foco e competitividade em um nível bem acima dos demais atletas do tour. Mesmo com a sala de troféus abarrotada, o cara ainda entra nas baterias com uma sede de vitória quer talvez falte a surfistas como Taj Burrow ou Damien Hobgood, verdadeiros talentos que ainda buscam o promeiro título mundial.

A maior prova disto foi a dedicação e comprometimento de Slater no terceiro round do Rip Curl Pro Search, em buca de, nada mais nada menos, do que o seu 11º título mundial. Isso sem falar na capacidade de buscar notas altas em momentos críticos das baterias. Sangue frio que, independentemente de qual esporte, corre nas veias de um seleto grupo de campeões.

Quando nos perguntamos qual é a melhor manobra ou em que condições de onda Slater funciona melhor, as respostas são mais difícies.

Além de o endecacampeão mundial surfar com excelência tanto em marolinhas como em morras pesadas e tubulares – mesmo nascido na Flórida (EUA) –, Slater é um surfista que não se deixou marcar por uma manobra ou estilo de surfar específico.

Afinal, depois de tantos anos e títulos, o cara por várias vezes teve que adaptar seu repertório à evolução das manobras e critérios de avaliação dos juízes. Atualmente, por exemplo, Kelly faturou seu título abusando de manobras aéreas, manobras estas que, na época de seu primeiro título (1992), eram pouco executadas em competições e não agradavam os juízes da ASP.

A impressionante habilidade de evolução e mutação não deixa Kelly e seu surf envelhecerem.

Ao meu ver, aí está o segredo de Slater. Na conquista de 1992, ainda jovem, Kelly não era o msemo sufista que, depois de dolorosas derrotas para Andy Irons, retomou o caminho da vitória, em 2005, ou que acabou de faturar o seu 11º caneco, beirando 40 anos de idade.

A cada conquista Slater foi um homem e surfista diferente, surfou diante de diversos critérios de abitragem, várias condições de ondas, diferentes manobras do momento, sempre buscando evolução e testando novos equipamentos, e por isso, por ter sido onze surfistas diferentes e não o mesmo de 1992, o mutante Kelly Slater segue renovado e jovem.

Ano que vem, certamente, um novo Slater estará surfando nos melhores picos mundo afora, mesmo que fora do circuito.

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